Os produtos oriundos de recursos aquáticos possuem uma série de características benéficas para o ser humano e pode contribuir ainda mais para o atendimento de parte da crescente demanda por alimento. Com isso, pôde-se perceber um aumento do consumo desses produtos, principalmente do pescado, que vem sendo sustentado pela aquicultura. Afinal, a FAO (2019) estimou em 205 milhões de toneladas a produção mundial de pescado em 2017, desse total 54,5% foram da aquicultura.
Com um crescente aumento do consumo desse produto, destaca-se o consumo per capita, que saiu de 9kg/pessoa/ano em 1961 para 20,2 kg em 2015. No entanto, isso trata-se apenas do consumo direto para alimentação das pessoas, mas na verdade, nós usamos e consumimos esses produtos das mais variadas formas, de forma indireta, pois no mercado hoje em dia, existem uma série de produtos com compostos e ingredientes que vem dos recursos aquáticos.
Visto que, na grande maioria das vezes é de desconhecimento de grande parte da população, confere só uma lista de alguns produtos, dos quais você talvez nem imaginasse, que contém derivados da pesca, aquicultura e até mesmo do processamento do pescado.
1. RAÇÃO
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Fonte - Dog Chow Saúde Visível para Cães Adultos Minis e Pequenos. |
Na grande maioria das vezes, muitas pessoas se perguntam o que é feito com os restos do peixe após processos de beneficiamento e filetagem do pescado em indústrias de processamento, bom, aqui vai a resposta. Esse “resto”, pode-se também chamar de CMS (carne mecanicamente separada), e esse produto é utilizado para preparação, por exemplo, de ração para diversos PET’s. É inegável as características nutricionais do peixe, dessa forma, algumas empresas produzem rações com a carne e/ou o óleo de peixe, para cães e gatos. Além disso, resíduos da filetagem de peixe também são a base da formulação de rações artesanais para a criação de diversas espécies de peixe, como a própria tilápia-do-nilo. Outros componentes de descarte do pescado que também são bastante utilizados para fabricação de ração são as espinhas e as escamas.
Ademais, é possível encontrar também farinha de alga em rações para PET’s, como por exemplo da Schizochytrium sp e Lithothamnium calcareum. Existem também suplementos para rações animais com alto nível de proteínas e Ômega 3 e de origem sustentável, oriundos de algas.
2. SUPLEMENTOS
O óleo de peixe tem grande importância como suplemento alimentar, que traz benefícios e funcionalidades para o ser humano no geral. Ele ajuda na obtenção de ácidos graxos essenciais para o bom funcionamento do organismo, até mesmo, em processos de emagrecimento e ganho de massa muscular.
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Fonte - Growth, Óleo de Peixe. |
Óleo de Peixe: Presente na dieta da maioria dos atletas profissionais, o óleo de peixe tem se tornado cada vez mais popular entre os praticantes de musculação e encabeça a lista de suplementos mais buscados. O segredo está nos nutrientes, que são excelentes para quem tem foco na prática de exercícios físicos. Eles ajudam diretamente na recuperação muscular e fazem diferença rotina de treinamento. O óleo de peixe também ajuda no equilíbrio na relação de ácidos graxos n-3 e n-6 no organismo.
Chlorella: é uma alga que serve como um superalimento, pois contém inúmeros nutrientes entre vitaminas, minerais, aminoácidos e óleos essenciais. Ela é uma microalga unicelular e é uma das ferramentas de desintoxicação mais poderosas para eliminar toxinas acumuladas do corpo humano. Existem inúmeros benefícios associados a ingestão desse alimento, como: oferece energia ao corpo, possui antioxidantes, fortalece as defesas imunológicas, equilibra a pressão arterial, diminui as taxas de glicose, combate a anemia, ajuda a emagrecer e entre outras. A Chlorella pode ser tomada na forma de suplemento alimentar em extrato, pó, tabletes ou cápsulas – sendo a última a forma mais consumida. Nos casos das cápsulas é recomendado consumir cerca de 4 cápsulas por dia.
- Spirulina: é um produto a base de cianobactéria, que tem ação funcional e diminui os níveis de colesterol no sangue. Ela atua no corpo e gera uma série de avanços nas funções metabólicas, além de proteger o organismo de doenças e infecções diversas. Ela possui uma série de elementos na sua fórmula natural, que foram passadas para o suplemento, sendo, inclusive, consumida por astronautas, quando estão em viagem pelo espaço. O seu consumo como suplemento alimentar traz diversos benefícios para o corpo humano como por exemplo: a diminuição do colesterol, eliminação de toxina, diminuição da gordura corporal, promove a saciedade, ajuda na construção de massa magra, auxilia no controle de glicose, combate a anemia, trata doenças com fungos, como a candidíase, é usada no tratamento de HIV e ajuda no enfrentamento da rinite alérgica.
Fonte - Da esquerda para direita: Spirulina, Chlorella da Ocean Drop.
3. PRODUTOS FARMACÊUTICOS
Que as algas marinhas fornecem a maior parte de oxigênio disponível, que desempenha um papel importante no ecossistema e que foram um dos primeiros seres a habitar a Terra já deve ser de conhecimento de boa parte da população, agora o que muitos talvez não saibam é da importância delas na produção de diversos produtos como remédio, xaropes e até moldes.
As carrageninas (ou carragenanas) presentes em sua grande maioria em algas do filo Rhodophyta, algas vermelhas e o alginato encontrado em algas pardas, são bastante utilizados em produtos farmacêuticos como emulsificantes e aglutinadores. A ação gelificante dessas duas substâncias também são bastante utilizadas para a formulação de moldes dentários.
Fonte - Google Imagens
As carrageninas possuem a capacidade de mesclar líquidos que não se misturam e estabilizar essas misturas. Enquanto o alginato, tem feito curativo em feridas, a sua grande capacidade de absorção e a sua fácil manipulação torna esse produto bastante promissor na área da saúde para a formulação de remédios e curativos. Além disso, o alginato tem efeito bastante promissor como curativo de queimaduras, feridas com leito hemorrágico e feridas cavitárias.
A indústria da beleza é um dos setores que utilizam uma grande quantidade de compostos oriundos dos recursos aquáticos, principalmente de algas marinhas, que possuem inúmeros benefícios para a pele e os cabelos. Hoje em dia, é cada vez mais comum encontrar cremes, máscaras faciais, sabonetes, shampoos e os mais diversos produtos de beleza que são constituídos por eles.
Neles estão presentes uma grande variedade de compostos que são extraídos de algas, como por exemplo, antioxidantes, polissacarídeos, aminoácidos, proteínas e peptídeos, lipídeos, minerais, vitaminas e uma grande quantidade de metabolitos secundários. Dessa forma, esses compostos fornecem benefícios múltiplos, como: protegem a pele dos danos causados pelo sol, promovem a produção de colágeno, repararam os danos do cabelo, limpam profundamente a pele e ajudam a controlar a rosácea e inflamação da pele.
Da esquerda para direita: Gel Hidratente Facial da The Body Shop, Sabonete da Fiorucci e Shampoo da Bio Extratus. Por mais curioso que seja, estudos recentes comprovaram o desempenho sucedido na utilização de algas marinhas para a produção de fertilizantes. Podem ser secas e trituradas para se tornarem fertilizantes ou processadas e transformadas em extratos, sendo diluídas posteriormente para a utilização. As algas podem ser utilizadas de forma inteira também, sendo ela seca. Elas fornecem nutrientes para o solo, como o potássio, o nitrogênio e o fósforo, sendo eles de extrema importância para o crescimento de plantas.
Especificamente, algas do tipo Lithothamnium, são as que vem se destacando na produção de fertilizantes naturais. Elas estão presentes no produto desenvolvido pela Oceana Brasil, chamado Algen. A empresa que extrai e beneficia a alga do fundo do mar, transformando-a em produtos oferecidos ao mercado. De acordo com o próprio site da empresa, a Lithothamnium é um gênero de algas marinhas presente em grandes colônias em mar aberto, que se instala em profundidades de até 30 metros. É composto por mais de 70 nutrientes equilibrados, com alta solubilidade e disponibilidade para os seres vivos.
O produto vem se destacando cada vez mais, por se tratar de uma tecnologia que utiliza recursos oriundos da própria natureza, chamando atenção pela sustentabilidade, visto que o Algen, é um Fertilizante Natural à base de algas marinhas do gênero Lithothamnium. Ele possui uma estrutura biológica diferenciada, com nutrientes equilibrados e com rápida disponibilidade para as plantas, agindo de forma eficiente, melhorando as propriedades químicas, físicas e biológicas dos solos, beneficiando a nutrição de todas as culturas.
Pesquisas recentes mostraram o bom desempenho do produto, que tem como composição central a utilização de algas marinhas do gênero Lithothamnium, no qual as plantas apresentaram aumento de produção de peso fresco na ordem de 10%, maior vigor desde os primeiros dias até o fim do ciclo, maior qualidade e quantidade de raízes e maior capacidade de suportar a ação dos nematoides.
Algen Micron, fertilizante desenvolvido pela Oceana Brasil, constituído com algas do tipo Lithothamnium.
Na própria ciência, tem-se a utilização do ágar, obtido de algumas algas vermelhas, da classe Rodophyta, vem sendo o principal suporte para pesquisas bacteriológicas desde 1900. As algas que possuem o ágar são chamadas de agarófitas. O uso desse composta surgiu há muito tempo, do ano 1658, no Japão. O termo tem origem no idioma malaio e significa gelatina.
O ágar é uma substância insolúvel em água fria, no entanto, ainda sim tem uma grande capacidade de absorver água, sendo uma substância atóxica formada principalmente por fibras, proteínas, sais minerais, celulose e anidrogalactose. Ele é considerado um meio nutritivo, muito utilizado na área da microbiologia para a multiplicação de bactérias e outros microrganismos, como fungos. Dessa forma, existe uma grande quantidade de ágar, de diferentes composições, que mudam a constituição do seu meio nutritivo de acordo com o microrganismo que se deseja encontrar.
Alguns diferentes tipos de ágar, respectivamente da esquerda para direita: Ágar TCBS, ÁgarMacConkey, Ágar Baird Parker e Ágar Sangue.
7. ALIMENTOS
Assim como na Ciência, o ágar também é muito utilizado para a produção de alimentos, visto que a sua consistência gelatinosa, é bastante utilizado em sorvetes, gelatinas, iogurtes, flans, balas, geleias, patês, cobertura de bolo, entre outros produtos. Além disso, ele também não deixa gosto e não altera o sabor da comida, sendo assim tão utilizado em pratos doces e até mesmo salgados.
Muito difundido em países de origem Oriental, o consumo de algas vem se popularizando muito em todo o mundo, visto que, por serem considerados superalimentos, ele possuem uma grande concentração de nutrientes como vitaminas, fibras, minerais, antioxidantes e ácidos graxos fundamentais para a manutenção da saúde e da qualidade de vida das pessoas. Ademais, as algas são bem presentes em sushis, sendo usadas para envolver bolinhos e cones, conferindo aquele gosto característico dos pratos, o sabor umami.
Nesse contexto tem-se também o consumo do pescado, assim como as algas, o consumo desse produto é maior na porção Oriental, mas que vem sendo bastante difundido para todo o mundo. De acordo com a FAO (2020), o consumo de peixe per capita subiu de 9 kg para 20,5 kg de 1961 para 2018. O consumo da carne do pescado oferece uma série de benefícios para o ser humano, como por exemplo, um alto valor nutritivo e de digestibilidade, rico em ômega 3 e reduz o risco de problemas cardiovasculares, sendo recomendado seu consumo de 2 a 3 vezes por semana para adultos, e a partir do sexto mês de vida para crianças de forma gradual, sempre consultando um médico. Por fim, é sempre bom garantir que esse pescado esteja em boa qualidade, averiguando sempre o local de compra e o estado do produto, pois o consumidor deve buscar segurança quanto à qualidade higiênica e sanitária dos produtos.
Produtos alimentícios que tem na sua constituição recursos aquáticos.
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