Foto: Alface romana crescendo na fazenda aquaponic NOLA local em crescimento em Nova Orleans, LA (Crédito da foto: Recirculating Farms Coalition).
Dentro do sistema aquapônico, a água está circulando pelas plantas e pelos peixes, os peixes são alimentados e excretam, as excretas e a ração não consumida pelos animais entra em decomposição, começando a diminuir a qualidade da água de cultivo. Após a decomposição, a água fica rica em compostos nitrogenados que são tóxicos para os peixes, mas em contrapartida são nutrientes importantes para as plantas. Nas raízes das plantas ficam fixadas as bactérias responsáveis pela redução desses compostos em formas assimiláveis pelos animais. As bactérias envolvidas no processo de nitrificação são as Nitrossomonas, que são responsáveis pela conversão da amônia produzida pela decomposição dos restos de ração e pelas excretas dos animais, em nitrito. E as Nitrobacter, que converte o nitrito em nitrato, forma assimilável pelos animais. Sendo que elas se encontram em todo sistema, mas principalmente no filtro biológico, no substrato das plantas e em suas raízes.
| Foto: Aquaponia Indoor com peixes ornamentais. (Crédito: Green Lab).
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Há diversas formas de se construir um sistema aquapônico, sendo que o tanque utilizado nesse tipo de sistema, pode ser de diversos formatos (retangular, circular, etc.) e de vários tipos de materiais (concreto, plástico, etc.) o tamanho e o volume fica por conta do espaço e o layout do projeto. Já o local onde fica as plantas, a bancada hidropônica, pode ser substrato semi-seco; NFT (do inglês Nutrient Film Technique, ou Técnica do filme de nutrientes); e, bandejas flutuantes. Com essas informações, o sistema pode ser construído de acordo com o objetivo do projeto, com o material disponível e o espaço e assim analisar qual se adequaria melhor a ele. Além disso, é importante salientar que há outras partes do sistema que são extremamente importantes também, tais como filtros (biológico e mecânico), aeradores, decantadores, bombas de água, estufas etc. Não necessariamente um sistema precisa ter todos esses compartimentos, mas é bom ficar ciente que quanto maior for a escala do sistema e dependendo da finalidade, cada uma dessas partes são fundamentais.
Sabe-se que a aquaponia pode ser de pequena, média e grande escala, sendo que a de pequena escala geralmente é utilizada para pesquisa, educação ambiental em escolas (a relação do sistema, dos organismos aquáticos e das plantas possuem um valor positivo na aprendizagem de biologia, botânica, química da água e etc.), além de ser utilizada na produção familiar/subsistência, já o sistema de média e alta escala já tem um caráter mais comercial e tende a ser mais complexo, mas quem produz alimento dessa forma pode ter a jogada de marketing de que produz um alimento sustentável, amigo do meio ambiente. Vale lembrar que na construção do sistema aquapônico pode-se utilizar materiais que iriam ser jogados fora para fazer parte dele, tais como bombonas, tampinhas, garrafas, o que manda é a criatividade.
Bom, falando agora sobre os organismos que podem ser cultivados/criados no sistema, para as plantas de maneira resumida qualquer vegetal, hortaliça que possa ser cultivado em sistema hidropônico tem potencial para ser cultivado em sistema aquapônico também, sendo os utilizados na aquaponia o alface, cebolinha, salsa, coentro, tomate, pepino, morango, entre outros. Já os organismos aquáticos de água doce e espécies que toleram uma pequena variação na salinidade da água são protagonistas nesse tipo de sistema, sendo os mais conhecidos tilápia, trutas, carpas, robalo, bagres, peixes ornamentais, o camarão-branco do Pacífico, entre outros.
Depois da parte de construir o sistema, a de escolher os organismos aquáticos e as hortaliças que vão compor o sistema é a parte do processo mais delicada e talvez a mais complexa, visto que é necessário saber quais plantas e organismos que possuem o pH parecidos de vivência, lembrando também do pH adequado para as bactérias, além do pH é importante levar em consideração a quantidade de oxigênio (Tabela 1) que cada indivíduo vai precisar (vegetais, organismos aquáticos e bactérias), depois disso deve-se quantificar de maneira adequada a quantidade de peixes para plantas, esse cálculo pode ser feito com base em proporção, por m² de hortaliça ou ainda pela quantidade de amônia que cada organismo excreta e na quantidade de nutrientes que poderá ter no sistema, esse último é mais complexo, mas também o mais “certo”. Vale lembrar que o metabolismo de cada organismo é diferente e que as plantas têm diferentes exigências nutricionais, podendo algumas ser mais ou menos.
Resumindo, tem que analisar bem cada parte explicada nesse parágrafo, para fazer um “casamento” adequado, quando o dimensionamento e/ou a manutenção do sistema não são feitos corretamente o desastre é quase certo.
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